Capitulo 1

   Por um campo florido, uma pequena criatura corria desesperada, com cicatrizes espalhadas pelo corpo.

 — Ajuda... Necessito de ajuda! — a criatura sente algo se aproximando e logo para de correr.

 — Essa não, eles me encontraram! — antes que o pequeno ser pudesse fazer algo, uma cortina de fumaça cobre o local, retirando sua visão. — Não, não!! — do céu, um raio é disparado contra a criatura, que se desespera.

   O raio se materializa numa prisão de energia e, após a fumaça se afastar, um garoto caminha em direção as flores. Ao observar a prisão, revira os olhos, bufando.

 — Tsc. Escapou mais uma vez. — o misterioso garoto vai embora, com uma mão no bolso de sua calça.

 — Essa foi por pouco... — ela volta a correr, porém, invisível.

Pokemon Unova - The Mythical World. Capitulo 1: Eu sigo um bicho estranho.

   Em uma grande cidade da Região Unova, Nimbasa, várias pessoas se reuniam no grande parque de diversões "Infinity&Beyond", o mais conhecido da região. Pessoas de todos os cantos vinham assistir o famoso desfile da grande modelo, Elesa, que tem a fama crescendo cada vez mais.

 — Muito bem, a espera acabou! — a famosa Elesa sobe num enorme palco montado no centro do parque de diversões. A multidão começa a gritar seu nome, algumas adolescentes estendem cartazes onde diziam que a amavam. Outros apenas tiravam foto saltitando e fazendo bico, porém, havia uma única pessoa que se encontrava calada até o momento.

 — Ehr, Bianca, pode me dizer o motivo da minha presença nesse lugar? Nem gosto de desfiles. — um garoto com cabelos desarrumados e parecendo bastante incomodado com a gritaria pergunta para sua amiga, que, assim como todas as outras pessoas, estava gritando "Elesa" desesperadamente.

 — Ora, Mike, eu te obriguei a vir comigo. Todas as minhas amigas vieram acompanhadas por alguém, eu não poderia vir sozinha.

 — Saiba que perdi meu programa preferido! "O que seu cachorro faz quando está sozinho". Na edição de hoje iam colocar câmeras na casa de uma mulher rica para espionar o que o Poodle dela faz! E, a propósito, que amigas são essas? Você sempre fala delas, mas nunca as vi.

 — O q-quê...? Quer dizer, fale mais alto, não consigo ouvir! ELESA!!! — a menina ajeita seus óculos e volta a pular, porém, um pouco menos animada.

   Estes que vocês puderam observar a conversa são Mike e Bianca, dois estudantes da Nimbasa School. Ambos se conhecem desde pequenos e mantém uma amizade forte há 14 anos.

"Me ajude!"

 — Huh? — por um momento, Mike deixa de ouvir toda a gritaria dos fãs da modelo Elesa, que rodopiava cercada por eletricidade. Ele escuta um fio de voz de alguém parecendo cansado, mas ignora. — Devo estar delirando com tantos gritos, seria impossível escutar algo no meio dessas fãs fanáticas.

 — Ohh!!! Elesa!!! Meu sonho é ser como você!!! — um homem gritava com todas as suas forças enquanto encarava Elesa com os olhos brilhando.

 — Fanáticos até demais... — Mike tampa os ouvidos, já ficando com dor de cabeça.

   Algumas horas depois, o desfile se encerra. O que antes parecia o planeta inteiro descobrindo que suas séries preferidas teriam nova temporada agora estava mais para o ambiente de uma biblioteca.

 — A Elesa é tão linda e elegante!!! — Bianca começa a falar, retirando uma foto de Elesa de sua bolsa. — Uma pena ela não ter tirado foto comigo.

 — Né, uma pena... — Mike revira os olhos. — Só não fique falando nela toda hora, não aguento mais! Desde quando estávamos em aula até agora, Elesa é o único assunto.

 — Sabia que se colocar um "B" na frente do nome dela fica "Beleza"? Deve ser por isso que ela é linda! — Bianca provoca Mike, que bufa.

 — Acho que vou para casa, meus pais devem estar me esperando.

 — Tá legal, amanhã nos vemos na aula!

 — Claro! — Mike começa a correr por uma das ruas, rumando sua casa.

 — Finalmente! — Mike, ao chegar em sua casa, abre o portão e adentra sua moradia, onde é parado por seu pai.

 — Aonde você estava, garoto? Sua mãe ficou preocupada.

 — Huh? Mas eu avisei que ia sair com a Bianca. — Mike se explica e observa seu pai rir baixinho.

 — Ahh, a nerd antissocial... Não sei porque gosta tanto dela. — ele arrasta uma cadeira para a sua frente e se senta.

 — Nos conhecemos desde quando tínhamos dois anos, como eu poderia não gostar dela? Vou para o meu quarto. — após jogar sua mochila num sofá, Mike caminha em direção ao seu quarto, porém, sua mãe segura em seu braço.

 — Aonde pensa que vai? A comida está pronta, você vai comer. E ainda tenho que ir para o trabalho... Grimsley, vai sair hoje? — após obrigar o filho a se sentar para comer, Karen, a mãe de Mike, se vira para falar com seu marido.

 — Vou apostar com uns amigos hoje no fim da tarde.

 — Então ficará sozinho por um tempo, porque eu só volto de noite, Mike! — ela exclama e coloca sua bolsa em seu ombro. — Tenho que ir agora, não façam bagunça.

 — Claro! — respondem pai e filho ao mesmo tempo, e logo voltam a comer.

 — Com sorte ainda deve estar passando o meu programa preferido! — Mike liga a televisão e começa a zapear os canais, chegando até um onde o noticiário passava.

 — Hoje, o famoso Doutor Colress foi encaminhado para um hospício. Parece que por passar tanto tempo sem dormir em seu laboratório, acabou ficando maluco e está delirando, pensando que vê criaturas mágicas que cantam. Acompanhem as imagens ao vivo e com exclusividade! — a repórter começa a falar, rindo um pouco da reportagem.

 — Afastem essa câmera de mim! Isso é um grave erro, eu estou plenamente consciente! Eu conversei com um ser que cantava e flutuava, ele disse que era um Pokemon! — o cientista empurra a câmera e a transmissão se encerra.

 — Como podem ver, ele está claramente delirando. Agora, fiquem com vídeos de gatinhos fofos! — a repórter volta a falar, acenando para a câmera.

 — Nossa, esse Colress viajou completamente! Seres mágicos que flutuam e cantam, hahaha!! — Grimsley ri um pouco e se levanta para levar seu prato para a cozinha.

 — Pois é, parece até piada. — Mike responde, rindo também.

   Algumas horas se passam e finalmente anoitece. Mike havia passado todo o seu dia no sofá da sala, vendo televisão. Agora estava sozinho em casa e parecia entediado com a programação.

 — Que saco! Não tem nada nessa coisa! Porcaria de plano com 80 canais... — Mike caminha até a janela de sua casa, onde se debruça. — Meus pais estão demorando... — nesse momento, Mike sente algo saltar em sua direção, porém, não vê nada.

   O menino, assustado, fecha rapidamente a janela e caminha para a cozinha.

 — Acho melhor fazer um lanche...

*Escute isso e depois volte a ler*

   Um canto é ouvido por Mike, que se assusta. Ele procura pela casa, querendo saber de onde vinha a bela melodia.

 — Mas que estranho, será que isso é algum tipo de pegadinha? — até que, ao voltar para a sala, Mike se depara com folhas pelo chão. — Folhas? Como vieram parar aqui? — ele se abaixa, observando as folhas. Porém, acaba vendo algo escondido embaixo do sofá.

 — Mas o quê...?

 — Você escutou o meu canto... Me ajude... Por favor... — o que provocava a melodia se revela como uma estranha criatura, que assusta Mike.

 — UM RATO!

 — Mas hein?! Aaah!! — a criatura começa a flutuar pela sala enquanto era perseguida por Mike. Este tentava a acertar com uma vassoura. — Espere, eu não posso flutuar por muito tempo, estou exausta! — ela se ajoelha, sem mais forças.

 — Como você consegue falar?! Ou melhor, o que é você?! — Mike pergunta, cutucando o corpo da criatura com o cabo da vassoura.

 — Meu nome é Meloetta. Eu sou um Pokemon e preciso da sua ajuda!

 — Espere, o quê? Pokemon? Tipo o que aquele Colress disse que viu?

 — Eu pensei que aquele humano poderia me ajudar por ser inteligente, mas estava enganada. Mas sei que você é a pessoa certa! O Mestre disse que o escolhido era um adolescente que morava nessa cidade, eu que fui preguiçosa e quis levar qualquer um.

 — Espere, vá mais devagar. Não entendi nada. — ele arrasta uma almofada para a frente da Pokemon. — Mas antes, você parece cansada, quer alguma coisa?

 — Sim, mal consigo flutuar... Preciso de comida. Por acaso tem lasanha? Ouvi falar que é muito bom.

 — Olha, você tem muito bom gosto para um rato falante. Vou ver se tem alguma fruta para você comer.

   Após Meloetta comer todas as frutas da casa e ainda pedir mais, ambos finalmente começam a conversar.

 — Escute, não sou um rato falante, e sim um Pokemon. Sou um ser mítico que não existe no seu mundo, mesmo minha espécie tendo feito muito por ele no passado. — Meloetta explica, flutuando pela casa e observando as decorações.

 — Como assim?

 — Bom, deixe-me ver... Ah, certo! Você conhece a mitologia, não é? Sabia que o Minotauro na verdade foi inspirado em Miltank e Tauros? 

 — Mil o que e Tau quem? — Mike pergunta, extremamente confuso.

 — São outros Pokemon. Bom, de qualquer forma, preciso de você. A verdade e o ideal vão combater novamente como foi previsto pela anciã e você pode nos salvar.

 — Espere, como pensa que posso te ajudar? Sou só um estudante qualquer!

 — Então seu nome é estudante?

 — Huh? Não, é Mike, mas...

 — Ah, sim, eu sou Meloetta.

 — Você já disse isso.

 — Escute, pare com isso, está me deixando confusa. Vou te chamar de humano estudante Mike. — Meloetta se senta em cima da televisão da sala e cruza as pernas.

 — Me chame só de Mike... Meus pais não gostam de animais, então acho que você não vai poder ficar aqui.

 — Primeiro, não sou um animal. Segundo, nós não podemos ficar aqui, precisamos salvar o mundo Pokemon do confronto entre verdade e ideal! Vamos, vamos! — ela tenta puxar Mike pelo braço, porém, este se solta.

 — Nossa, que sonho estranho que estou tendo... Estou conversando com um Pokemon. Hahahaha!! — Mike rola no chão à rir, enquanto Meloetta o encarava furiosa.

 — Você não está sonhando. Custa acreditar que isto é realidade?

 — Espere, será que posso controlar meu sonho? Vou te transformar numa pizza!

 — Desisto. Dane-se o mundo Pokemon, eu não gostava mesmo! O Mestre é um velho chato e anciã é uma gótica suave. Vou falar tudo que acho daqueles idiotas! — Meloetta acerta um chute na tela da televisão, que se quebra.

 — Aahh!!! A Televisão!! — Mike se joga em cima da televisão quebrada, a abraçando. — O que fizeram com você?!

 — Isso não é um sonho, humano estudante Mike? Então não tem problema se eu quebrar tudo.

 — Calma, você é uma protestante ou um Pouco mão?

 — Pokemon. — Meloetta acerta um tapa em seu próprio rosto. Ela se ajoelha, chorando. — Mas que raiva! O escolhido é mais burro que um Psyduck!

 — Ah, acalme-se! Mesmo isso sendo um sonho, não quero ficar ouvindo choradeira. Vamos até esse lugar aonde você quer me levar.

 — Tá bem! — Meloetta agarra o braço de Mike e flutua em direção à janela da casa, a quebrando no processo.

 — Hey, mais calma! Está indo rápido demais!! — ele segura seu boné, que quase fora levado pelo vento. Meloetta, ao se aproximar de uma árvore, finalmente para de correr. — É aqui? Uma árvore?

 — Não. Sabe, quando os Pokemon decidiram presentear esse mundo para os humanos, eles deixaram algumas passagens secretas que levam até o mundo Pokemon. Seria útil caso algum dia os Pokemon decidissem voltar para cá. — Meloetta analisa a árvore, encostando em cada parte de seu tronco. Até que ela sente algo diferente e recita alguma frase em outro idioma. Magicamente, os galhos da árvore se cruzam, formando um círculo. Este é envolto por energia, deixando Mike boquiaberto. — Aqui, essa é a nossa passagem para o mundo Pokemon!

 — Isso é um portal?

 — Pode ser chamado assim. Vamos, vamos! — Meloetta arrasta Mike para dentro do portal. O menino se assusta ao perceber que não conseguia respirar, porém, a falta de ar logo passa quando ele e Meloetta chegam até uma espécie de parque. — Tcharam! Apresento-lhe o Parque Gracidea, abençoado pelos poderes de Shaymin!

 — Wow... Não faço a menor ideia do que esteja falando.

 — Mas o que é aquilo ali, Ronald? — uma Watchog com lacinhos na cauda pergunta, abraçando seu marido.

 — Não faço ideia, Margareth, mas não parece um Pokemon. Não se aproxime dele, Junior!

 — Tá bom, papai. — um pequeno Patrat responde, observando algumas bolinhas de sabão.

 — Quaaaaackkkk! Mas o que temos aqui... — um pato com penas azuis se aproxima de Mike e começa a observá-lo. — Quaaaaaaackkkkk!! Céus, acho que já ouvi falar de seres como você antes!

 — É um alienígena? — pergunta uma Lilligant que se junta aos Pokemon que se reuniram ao redor de Mike.

 — Quaaaaaaaackkkk!!! Chamem a anciã!

 — Que adoráveis! Vocês são criaturas do meu subconsciente?! — Mike pergunta, pegando Patrat no colo.

 — Solte o Junior!!

 — Quaaaaaackkkk!!! Ele deve querer nos fazer mal! Pode ser um enviado de Bisharp!! — Ducklett, o pato, entra em pânico, começando a correr em círculos até que bate com a cabeça no tronco de uma árvore.

 — Uh... Ele não parece assustador... — um Stunfisk cansado comenta, porém, Mike grita "Buh" e ele se assusta, desmaiando.

 — Vamos tacar fogo nele! — grita Junior, o Patrat que ainda estava nos braços de Mike.

   Todos os Pokemon no local avançam na direção de Mike, que ria descontroladamente.

 — Vocês são engraçados, me lembram até uma vez que eu... — de repente, Mike recebe um soco do Watchog de cartola, caindo sentado. Sua bochecha começa a doer e ele se surpreende. — Isso era para ser um sonho, eu não deveria sentir dor...

 — Quaaaaaackkk!! Ele quer nos causar dor!! Está nos ameaçando!

 — Você me pegou de surpresa naquela hora, estou revoltado! — o Stunfisk se levanta, mudando sua expressão de cansaço para raiva.

 — Huh?! Meloetta, me ajude! Eles ficaram loucos!

 — Quaaaaackkkkk!!! É guerra! Fora alienígena, queremos democracia!

 — Por que eu deveria te ajudar? Isso não é um sonho e eu sou um rato falante que canta? — Meloetta flutua ao redor de Mike, que observa o pequeno Patrat correr em sua direção segurando uma lança.

 — Tá, talvez isso não seja um sonho... Por favor, me ajude! Você pode cantar pra eles e deixá-los calmos, assim como fez quando invadiu minha casa!

 — Exato. É o que farei. — Meloetta flutua até a frente dos Pokemon enlouquecidos e tosse duas vezes, se preparando para cantar.

 — Olhem, o alienígena pegou a Meloetta e a está usando como refém! O que vamos fazer, o que vamos fazer?! — uma Cottonee se desespera, balançando Lilligant em desespero.

 — Oh, então aí está ele! O alienígena! — Alomomola, uma peixe cor de rosa, nada até a beira do rio, começando a conversar com os Pokemon revoltados. —  Eu soube que ele veio de Saturno e quer nos escravizar. Também descobri uns segredos sobre a anciã e...

 — Quaaaaaaackkk!!! Guarde suas fofocas mentirosas para outra hora, Alomomola!

 — Bem, vamos lá. — Meloetta começa a cantar uma calma melodia. Esta relaxa todos no local, inclusive Mike, que abraça Patrat. O casal Watchog se senta na grama para curtir a música, enquanto Ducklett, Lilligant, Cottonee e Stunfisk acabam adormecendo juntos. Alomomola desiste de fofocar e volta para baixo d'água e então Meloetta encerra sua melodia.

 — Foi uma bela Meloetta Section! — Meloetta exclama, dando uma pirueta. Porém, a paz no lugar logo desaparece com os gritos roucos de uma alta Pokemon.

 — Mas o que estava acontecendo aqui?!

 — Oh, Quaaaaaackkkk!!! Anciã, olhe, olhe! Meloetta trouxe um alienígena! — a anciã usa seus poderes psíquicos para calar o bico de Ducklett, que se senta zangado.

 — Meloetta, esse é o humano que seu Mestre lhe pediu para trazer?

 — Humano, huh? — vários sussurros são escutados pela anciã, que manda todos se calarem.

 — Exato, Gothitelle. Ele se chama humano estudante Mike.

 — Só Mike. — Mike interfere na conversa, porém, ao ser encarado por Gothitelle, se sente intimidado e recua.

 — O leve até o seu Mestre. — a anciã conclui, se virando para os Pokemon do parque. — Quanto à vocês, que isso sirva de lição. Não saiam atacando qualquer um que encontrem.

 — Meloetta, eu ainda não entendi... O que eu tenho com isso tudo? Realmente não é um sonho?

 — Você é o escolhido e será quem nos salvará do perigo! — Meloetta rodopia, extremamente alegre. Os outros Pokemon no local a imitam, porém, Mike cerra os punhos e engole seco.

Continua