Capitulo 4

    No intervalo das aulas da Nimbasa School, todos os alunos do colégio aproveitavam para conversarem besteiras ou apenas comerem seus lanches. Porém, afastada dos outros, uma garota fazia anotações num bloco de papel enquanto mordia um pedaço de seu sanduíche.

 — Oh! O que temos aqui? A nerd fazendo nerdices? — Gary, um dos mais populares do colégio, se aproxima da garota, acompanhado por outras duas.

 — Huh? — Bianca, a garota que fazia anotações, se vira para trás e observa Gary e as garotas. Ela suspira e ajeita seus óculos. — Se quer o meu lanche, pode ir embora, não vou te dar.

 — Ai, sou tão inteligente, não vou dar o meu sanduíche de colculos para você! Hahahaha! Adoro números! — uma das garotas ironiza, tentando imitar a voz de Bianca.

 — Se diz cálculos, não colculos. — Bianca responde, arrumando suas coisas para se levantar.

 — O que você estava fazendo, nerd? — a outra garota arranca o bloco de anotações de Bianca, que tenta pegá-lo de volta. — Pistas sobre o Mike? Hahahaha!! Você ainda acha que vai encontrar seu amiguinho? O corpo dele já deve estar em decomposição.

 — Ele está vivo... Eu sei que está.

 — Que adorável, a nerd ainda pensa que vai ver seu amigo mais uma vez. Tsc, está mais iludida que o professor de história! Este acha que a turma gosta dele. 

 — Por que não cuida da sua vida? — Bianca grita, irritada. Ela arranca seu bloco de anotações das mãos da garota, que ri alto.

 — Escute, esqueça o Mike, esse menino realmente não deve ser encontrado novamente. Você está perdendo seu tempo. Por que não vai ler mais livros de faculdade? É isso que faz no seu tempo livre, certo? Hahahahaha!!! — o menino debocha, porém, recebe um empurrão de Bianca, que caminha para longe. — O passinho da nerd! Hahahaha!!

 — Ai, Gary, você é tão divertido!! Tenho sorte de você ser meu namorado! — uma das meninas fala, se agarrando ao braço do garoto.

 — Do que está falando? Gary é o meu namorado! — a outra garota se agarra ao outro braço de Gary, que ri.

 — Não briguem por mim, posso ser namorado das duas.

 — Gary é tão humilde!!

Pokemon Unova - The Mythical World. Capitulo 4: Bianca vira uma detetive.

   Caminhando de volta para casa, Bianca observa a casa de Mike ao longe. Ela suspira e ajeita seus óculos. Ao chegar em casa, corre para seu quarto e logo liga seu Notebook, onde abre arquivos de pesquisas sobre o desaparecimento de Mike.

 — Já fazem cinco dias desde que ele desapareceu... A polícia não conseguiu encontrar nenhuma pista sobre ele, exceto pela gravação de uma das câmeras nas ruas, onde Mike foi visto passando em alta velocidade. Mas não pode ser ele, nem mesmo um veículo iria tão rápido... — ela fala para si mesma, observando novamente a gravação da câmera. — Talvez se eu...

   Bianca diminui a velocidade da gravação o máximo que pode e pausa exatamente na parte onde Mike aparece. A imagem se encontrava extremamente embaçada, então ela usa de seus programas para melhorar a imagem. Após muitos testes, finalmente é possível enxergar algo. Ela a amplia, até que...

   ...uma estranha criatura é avistada. Bianca se surpreende, tentando identificar o que era aquele ser que puxava Mike com toda a velocidade pela rua. Robô, alienígena, mascote do comercial de pastas de dentes... Tudo isso passava pela cabeça da menina, que se esforçava para pensar em algo.

 — Talvez se eu pesquisar por imagens semelhantes no Google...

 — Argh, como o Google acha isso parecido com a mascote da pasta de dente? — Bianca desce a página de resultados do Google, até que encontra algo que chama sua atenção.

 — Mas o quê...? — nesse momento, alguém adentra o quarto de Bianca, a assustando.

  — Que idiota! Ainda pensando nesse garoto? — o menino empurra Bianca para o lado, a fazendo soltar o Notebook. Ele exclui todos os arquivos da pesquisa da menina, que fica boquiaberta. — Te fiz um favor. Aceite a verdade de uma vez.

 — Você... eu te odeio! — ela arremessa um travesseiro contra o rosto do garoto, que desvia. — Você é o pior irmão do mundo!

 — Não. Eu sou filho único. Esqueceu que você é adotada? Seria bom se sumisse também, assim como esse seu amigo! Hahahaha!! — o garoto sai do quarto, batendo a porta. Bianca enxuga uma lágrima, desliga seu Notebook e esvazia sua mochila.

 — Ele quer que eu suma, certo? Quando todos estiverem dormindo, vou eu mesma atrás do Mike e só voltarei quando o achar! — Bianca começa a colocar coisas como biscoitos e dinheiro em sua mochila, extremamente irritada.

    Enquanto isso, na Serene Village...

 — O QUÊ?! — Mestre Stoutland grita tão alto que todos na vila escutam sua voz. — Bisharp está recrutando humanos?!

 — Não sabemos, mas um humano estava acompanhado da Liepard do esquadrão dele. Ele disse que era o escolhido e pegou a maioria das Pokeballs... — Meloetta fala, ainda assustada.

 — Hm. Como Bisharp poderia saber sobre a profecia do escolhido?! A anciã que teve a previsão e... Espere! Aonde ela está? Não a vejo desde que Mike chegou aqui. — Stoutland se desespera, procurando a anciã por toda a sua tenda. Ele levanta sua almofada e grita "Gothitelle", porém, apenas acha a metade de um osso. — Estava procurando isso!

 — Se acalme, a anciã é grande demais para caber debaixo da sua almofada! — Minccino tenta acalmar Stoutland, que concorda. — Vamos até a casa dela ver se está tudo bem.

 — É uma boa ideia. Pensando bem, ela foi uma das únicas que não conversei um pouco nessa vila... — Mike exclama, se lembrando que nos dias anteriores conheceu a maioria dos moradores da vila.

   Mestre Stoutland sai de sua tenda, acompanhado por Meloetta, Minccino e Mike. Eles se dirigem até a simples moradia da anciã, que não ficava muito longe, afinal, a Serene Village era bem pequena. Ao baterem na porta várias vezes e nada acontecer, o cachorro se desespera novamente.

 — Hyahh!!! — Mestre Stoutland se arremessa contra a porta, a derrubando no processo.

 — Poderia ter tido mais calma...

 — Hm! Oh! céus! — Stoutland, boquiaberto, observa um Pachirisu amarrado numa cadeira, com um lenço na boca.

 — Eu vou soltá-lo! — Mike corre na direção de Pachirisu e o liberta. O Pokemon parecia cansado e faminto, quase não conseguindo ficar de pé.

 — Arf... Obrigado... — Mike se ajoelha e ajuda Pachirisu a se levantar. — Eu havia vindo fazer uma visita para a anciã, mas acabei encontrando a Liepard do batalhão de Bisharp. Ela estava acompanhada por um humano, muito malvado por sinal! Gothitelle já estava desmaiada quando cheguei, e, quando tentei gritar, eles me amarraram naquela cadeira. Não pude fazer nada...

 — Hm. A anciã foi raptada?! E-eu não estou bem! Preciso de água! Alguém tem água?! Aonde está a água?! — Mestre Stoutland corre para a cozinha da casa da anciã, aonde derrama uma garrafa d'água em sua boca.

 — Como puderam fazer tal coisa com a anciã?! E como entraram na vila sem ninguém perceber?!

 — Hm. Já estou cansado do Bisharp. Ele pensa que pode invadir a vila dos outros, é? Pois bem, então ele terá a dele invadida também! A anciã é importante demais para a vila! Bisharp foi longe demais! Isso é guerra! — extremamente irritado, Mestre Stoutland deixa a casa.

 — Eu estou sem comer há dias, por favor, alguém tem comida? — Pachirisu pergunta, após ouvir sua barriga roncar.

 — Venha para a minha casa, vou preparar algo com berries para você comer. — Meloetta segura na pata de Pachirisu e os dois deixam o local.

 — Nossa... Não imaginava que Bisharp estava a um passo à frente de nós todo esse tempo.

 — Ele é muito esperto e perverso, certamente tinha um plano para raptar a anciã há meses. — Minccino fala, coçando o queixo. — Mike, quando estávamos lá no templo, Hugh mencionou seu nome. Por acaso vocês se conhecem?

 — Hugh...? — Mike engole seco e leva uma mão até sua nuca. — Na verdade, eu nunca o vi antes, mas tenho uma sensação estranha sobre ele.

 — Eu tenho que ir. — Minccino corre em direção a porta e, após um tempo, Mike faz o mesmo.

 — Bisharp... Eu nem o conheço, mas já tenho um sentimento tão forte em relação à ele... Deve ser um Pokemon bem ruim mesmo para eu odiar tanto. — Mike cerra os punhos e observa o céu. Porém, algo cutuca seu ombro, o assustando. — Kyahhh! O que foi isso?!

 — Você acha que pode pisar nas minhas mercadorias, é?! —  Golduck, o vendedor de pranchas, grita, quase deixando Mike surdo. Este percebe que estava pisando em uma prancha de surf na promoção e logo se afasta.

 — Desculpe, não tinha visto.

 — Tudo bem, não guardo rancor. Mas, vamos lá, com certeza você está impressionado, certo? Está pirando só de observar essa prancha, não é?

 — Huh?

 — Vamos lá, eu sei que você quer comprar! Está baratinha, apenas 100 Pokecoins!

 — Eu não tenho essas Pokecoins e nem sei surfar... — antes que Mike pudesse continuar falando, Golduck o interrompe.

 — Eu fui com a sua cara, posso fazer um outro desconto especial! 80 Pokecoins!

 — Não tenho isso.

 — 50 Pokecoins!

 — Golduck, eu já disse que...

 — Eu te dou! Pode ficar com ela! Apenas leve! — Golduck arremessa várias pranchas na direção de Mike, que corre para longe. — Não fuja!! Eu não tenho clientes faz muito tempo!! Talvez porque não tenha onde surfar por perto, mas... Hey, onde você foi?

 — Eu preciso ir para um lugar mais silencioso... — Mike observa a Biblioteca Audino em sua frente. — Perfeito! Eu não havia entrado aí até então!

 — Olá! — a bibliotecária Audino se aproxima, cumprimentando Mike.

 — Oi! — antes que ele pudesse falar mais alguma coisa, Audino tapa sua boca e o expulsa da biblioteca.

 — Não pode falar! Você falou! Isso é uma biblioteca!! Quero silêncio!

 — Huh? Mas você está falando.

 — Ahn? Ah... Eu vou mudar de profissão.

 — Ninguém entra nessa biblioteca faz muitos anos, sabia? — um pequeno roedor se aproxima de Mike, que demora um pouco até o encontrar devido ao seu tamanho. — Audino sempre expulsa todos de lá porque quer silêncio, mesmo ela fazendo mais barulho que qualquer um.

 — Percebi... Hm, você mora nessa vila? Nunca te vi por aí.

 — Ah!, eu moro numa parte mais afastada, perto do lago. Gosto de lugares mais reservados. — ele mexe em seus bigodes, fazendo Mike rir um pouco. — Sou Dedenne, prazer.

 — Sou Mike! E... Ainda não conheço essa parte da vila que você mencionou.

 — Eu te mostro!

   Assim, Dedenne e Mike caminham para o norte da vila, passando por um estreito caminho, até que chegam num pequeno campo gramado, onde havia apenas uma casinha de frente para um grande lago.

 — É mesmo uma bela vista! — Mike observa a água cristalina do lago, onde Ducklett e um Goldeen nadavam tranquilamente.

 — Quaaaaaack!! Olá, humano! — Ducklett acena com a sua asa, chamando a atenção de Mike. Goldeen também diz olá, mergulhando no lago.

 — Adoro como aqui é mais tranquilo, parece que o ar é mais puro. Só não é perfeito porque tem um Gogoat chamado Herb que fica voltando aqui para fazer barulho e comer grama... — Dedenne libera algumas faíscas, irritado.

 — Huh? — Mike observa Minccino do outro lado do rio, socando o tronco de uma árvore. — O que Minccino está fazendo?

 — Kyah! — Minccino acerta um soco no tronco da árvore, que apenas faz seu punho doer. Ignorando a dor, ele tenta acertar um golpe com as patas e outro com a cauda. novamente não tendo resultados. Não satisfeito, ele começa a focalizar toda a sua energia em sua cauda, que é envolta por um brilho intenso.

 — Está treinando. — Dedenne diz, observando Minccino atacar a árvore com toda a sua força, partindo o tronco em pedaços. — Ele sempre treina por aqui, as vezes até paro para ver.

 — Ele se esforça muito...

 — Faz sentido. Minccino nasceu na Force Village, onde Bisharp comanda. Porém, o expulsaram de lá por ele ter nascido com defeito.

 — Com defeito? — Mike pergunta, curioso.

 — Sim, é como o julgam. Minccino é diferente dos outros de sua espécie. Ele não pode evoluir e tornar-se um Cinccino. Como na Force Village só existem Pokemon extremamente poderosos, não o quiseram lá e ele veio até aqui perguntar se poderia morar. Stoutland o disse que ser forte não significa poder evoluir. Isso o fez querer tornar-se aprendiz dele e desde então vem treinando o máximo que pode.

 — Wow! O Minccino é incrível! — Mike exclama. Do outro lado do rio, Minccino escutava tudo devido à sua audição apurada. Ele sorri de canto e corre para longe. — Gostaria de ser como ele.

 — É mesmo um exemplo para os que se acham fracos. — Dedenne diz e caminha em direção à sua pequena casa, onde Mike mal conseguia entrar.

    Horas depois, no mundo humano, Bianca corria pela madrugada nas ruas de Nimbasa. 

 — Eu vou encontrar pistas.

Continua