quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Capitulo 20

   A animação tomava conta de todos no reino. Os Pokemon se reuniam ao redor de um palco improvisado feito de madeira, construído ali somente para a grande apresentação que acontecia nesse momento.


 — Ohh! Sinto como se estivesse aqui, bem perto dos meus doces lábios, sinto saudades de você! Ohh, Wailord querido! 


 — Phanpy, você está entendendo o que ela está cantando?


 — É sobre unicórnios!


 — O que estou fazendo com a minha vida? Deveria ter escutado meus pais e ter sido cantora, não babá dessas pestes.

 — Também te amo, Rose!

 — Humph.

   No castelo da Queen Serperior, em sua sala principal, Meowth observava o show pela janela, segurando seu violão.


 — Essa música é tão chata... Eu deveria ir lá e mostrar o que é talento. — o gato resmungava, quase enfiado as patas nas orelhas para não ter que ouvir o som.

 — Acredito que eles não gostariam de te ouvir. 

Pokemon Unova - The Mythical World. Capitulo 20: Memórias de Lymus - Parte 1

   Já de noite, naquele mesmo dia, o reino estava diante de um grande temporal. Por sorte o show já havia acabado. Bebendo café, Meowth observava agora as gotas de chuva, enquanto se aconchegava numa pilha de palha.

 — Oh!, Meowth, te achei! — a rainha rasteja para dentro de um dos quartos de hóspedes, se deparando com Meowth. — Lurantis encontrou algo seu.

 — Meow, meu? — Meowth retira uma pequena caixa da cabeça da rainha. Ao abri-la, havia apenas uma foto. Uma única foto que chocou o pequeno gato.

 — Achamos que você gostaria de ter isso de volta... — a rainha observa Meowth começar a recuar na direção da janela, segurando a foto com uma pata e a xícara de café com a outra.

 — Eu... — Meowth deixa a xícara cair, derramando café pelo chão. Agora segurava a foto com as duas patas.


 — Meowth, você está bem? Alguém, traga uma água! — a rainha grita o mais alto que consegue, embora sua voz soasse calma.

 — Não. Eu preciso... visitar um local. — ele corre na direção do portão do castelo, segurando a foto e deixando a rainha no quarto.

 — Mas está chovendo...

   Os raios não eram capazes de intimidar o felino, que ignorava as gotas d'água que tanto temia molhando seu corpo. Seu único objetivo era somente chegar até um local, até que para na frente de uma placa molhada, onde dizia "Cemitério de Verdant Court".


 — É aqui... — ele caminha mais um pouco, até encontrar dois túmulos juntos, com uma placa onde um texto honrava dois Pokemon que lutaram em Lymus Day. O gato se ajoelha, chorando, deixando a foto ser molhada pela chuva. — Tantas memórias...

   Blitzle, Growlithe e eu eramos uma equipe. A equipe perfeita. Havíamos nos formado no exército e defendíamos a Arbor Area, em nome da Queen Serperior. Estávamos muito animados, mesmo no inicio realizando apenas algumas pequenas missões por Pokecoins, que usávamos para comprar coisas para nossa pequena casinha, um pouco afastada do reino.



 — Meowth, pegue! — Growlithe arremessa uma joia para Meowth, no mesmo segundo que um grande urso marrom o agarra.

 — Meow, peguei! — com um salto, o gato agarra a joia, o que enfurece mais ainda o urso.


 — Vocês não podem roubar o que já foi roubado!

 — Madame Chanseylina ficará feliz em ver o ovo de cristal dela! Meow!

 — Já cansei de brincar. — o urso cruza os braços, que são envoltos por energia. Ele solta Growlithe por um segundo, até que o atinge no rosto e o derruba. — Agora, passe o ovo e cristal para mim, gatinho! 

 — Meow...

 — Tome essa! — Blitzle surge de um arbusto, acertando um coice no centro da barriga do grande urso pardo, que recua com dores.

 — Blitzle! Pensava que tinha ficado para trás. — Growlithe abana o rabo, se posicionando ao lado da zebra. Meowth faz o mesmo.

 — Pois estou aqui. Vamos acabar com esse urso de pelúcia!


 — Aahhh!! — temendo ser atingindo, o ladrão corre para longe, o que de nada adianta, pois a eletricidade gerada e disparada por Blitzle o atinge em cheio, queimando seu pelo.

 — Meow, ninguém é páreo para o nosso trio!

   Infelizmente não era verdade. Havia alguém sim que poderia acabar com nós três juntos com um único golpe. A minha força, a agilidade de Blitzle e o raciocínio de Growlithe formavam a equipe perfeita, ou quase. Foi quando o reino entrou em estador de alerta... o Lymus Day.


 — Rápido, reúna as tropas! Há uma criatura se aproximando!

 — Certo, minha rainha. — uma Lurantis com uma expressão cansada no rosto faz uma referência e corre para fora da sala, deixando uma pequena Fomantis para trás.


 — Quando crescer quero ser como a mamãe, Serperior! — a pequena Fomantis então percebe como falou e olha para Serperior, que sorria. — Quis dizer, minha rainha.

    Um enorme dragão desconhecido com um enorme poder foi avistado se aproximando do reino. Seu poder era maior do que todos os moradores da Arbor Area, o que não era bom, pois se ele se irritasse, poderia destruir tudo. A rainha estava extremamente preocupada, mesmo só ajudando com as ordens que dava ao exército e acalmando os moradores, combates não eram o seu forte. O exército se espalhou para procurar pelo dragão e tentar combatê-lo. Isso também incluía meu trio. Foi procurando por ele que chegamos até o local onde a foto foi tirada.


    O monstro logo foi identificado, se aproximando pelo norte. Era a maior coisa que todos já haviam visto. Seu corpo cinzento e seus olhos amarelos e brilhantes intimidavam qualquer um que o observasse. Todo o exército se reuniu e foi ao combate, o atacando de surpresa, mesmo não dando certo, pois a cada golpe que a criatura disparasse, muitos caíam sem vida. Os outros dois reinos também mandaram tropas para ajudar, o que de nada adiantou. Então, eu e meus dois amigos também fomos tentar, mas de um jeito diferente, que não envolvia só disparos de ataques.

 — Vamos conseguir, não é? — Growlithe pergunta, observando raios e chamas sendo disparados contra os soldados. 

 — Meow! Mas é claro que sim!

 — Então vamos agir. — Blitzle avança na direção do dragão, envolta por faíscas.

 — Huh? — quando o dragão finalmente percebeu o que estava acontecendo, já era tarde demais. Estava envolto por um campo de eletricidade criado por Blitzle. Pelos lados, Meowth o arranhava e Growlithe disparava suas chamas com força máxima, o que o causava muitas dores. Então, seus olhos brilharam com mais força e ele absorveu toda a eletricidade, a disparando numa fusão com chamas, na direção de Blitzle.

 — Não!! — Blitzle não tinha para onde fugir e, percebendo isso, Growlithe saltou em sua direção, tentando a proteger, o que foi em vão. Os dois foram engolidos pelas chamas diante de Meowth, que logo desceu até o local onde estavam. Seus parceiros haviam sido queimados vivos e ele assistira tudo, sendo as últimas lembranças dos dois apenas gritos e olhares assustados.

 — Meow... os d-dois... — o gato observa o vento levar as cinzas, passando diante dos olhos do dragão, que agora o encarava. Sem perceber, já estava chorando, como se tudo que gostasse houvesse desaparecido em instantes. Ele então se ajoelhou perante ao monstro, se rendendo. — Você... os dois...

   Diante dos meus olhos, um aglomerado de raios e chamas se formou, e eu sabia que ali seria meu fim. Então, o dragão o envolveu com suas garras, voltando a me encarar. Por telepatia, ele me disse coisas perturbadoras, numa língua antiga que de alguma forma entendi. Simplificando, ele me dissera que não estava ali para causar destruição, mas o atacaram e então reagiu. Porém, se ficasse irritado, todos seriam vítimas de sua fúria, dando de exemplo Blitzle e Growlithe. 

 — Por hora não tenho o que fazer. Você deverá carregar-me a partir de hoje, até o dia em que retornarei. De nenhuma maneira poderá livrar-se de mim, pois voltarei sempre, não importa o que tente, estaremos presos até o dia prometido. 

   Então, ele abriu sua grande mão, me mostrando o aglomerado de raios e chamas, que ganhou a forma de um cajado. Seu corpo começou a se desintegrar, liberando duas sombras, uma branca e outra negra, que se afastaram em direções opostas. Tudo o que restou foi um grande cristal, que repousou sobre o cajado, ficando no topo. Nesse instante, o céu se dividiu em laranja e amarelo, e, quando segurei o cajado, um círculo de gelo se formou abaixo dos meus pés, desaparecendo instantes depois. Os soldados retornaram ao reino e me reconheceram como o herói que derrotou o grande dragão. O dia ficou conhecido como Lymus Day. 
    Mesmo assim, a cena dos meus dois amigos morrendo na minha frente não saía da minha mente, e me atormentava todos os dias. Não fiz nada. Growlithe se arriscou, mas eu fiquei parado. Então comecei a enfraquecer, estava quase em depressão, não havia pensado na possibilidade de perder quem amo quando entrei para o exército da Arbor Area. Passei a evitar combates e missões por medo, perdi minha casa no reino, e o pior... o cajado. Sempre que o olhava, as memórias voltavam. Não dava pra me livrar dele, e nem conseguia o quebrar. Tentei tudo. Ele sempre retornava, após minutos. Uma vez a rainha o encontrou e me entregou, já outra ele apareceu na minha janela numa noite tempestuosa. Decidi então largar o exército e me aposentar de batalhas, passando a ter uma vida mais calma na Serene Village, onde tentei me livrar do cajado novamente, o deixando no portão da vila. Por acaso ele não retornou para mim, mas logo  soube que Minccino havia o encontrado e mais tarde o deu para Mike. Me forcei a esquecer o que aconteceu no passado, mas... é impossível. 


 — Não tem... meow... como esquecer.... — o gato agora começava a soluçar e já não era possível diferenciar suas lágrimas da chuva, já que estava encharcado. — Sou um idiota... meow....  O cajado, a profecia e o dia prometido estão relacionados. Mike está indo em busca de informações que eu tenho. Eu deveria ter contado para ele... eu deveria ter contado o que aquele cajado realmente é... eu sou um idiota! Não quero perder mais amigos!

 — Se acalme... Tem muitas almas descansando por aqui. — uma doce voz faz Meowth arregalar os olhos, e então ele se depara com Lurantis, a assistente principal da Queen Serperior.

 — Quanto tempo... meow... você está aqui?

 — Eu ouvi tudo que contou. Lymus Day foi mesmo algo difícil para todos nós. Muitos perderam amigos e familiares. Blitzle, por exemplo, era irmã da Zebstrika que ainda mora por aqui. — Lurantis observa os olhos de Meowth voltarem a lacrimejar e se ajoelha na frente de um túmulo, onde deixa um buquê de rosas. — Eu também perdi alguém importante naquele dia. A pessoa que eu mais amava. Minha mãe, a antiga assistente da Queen Serperior. Ela se arriscou para ver como estava a situação e acabou sendo uma das vítimas.

 — Eu sinto muito...

 — Está tudo bem. Tenho minhas lembranças. Sabe, eu nunca tive a chance de me desculpar com ela, mas no dia havíamos brigado porque eu queria ver o dragão. Na verdade foi por isso que ela saiu. Para me contar como ele era.

 — E você não se culpa pelo que aconteceu?

 — Claro que me culpo. A rainha me ajudou a superar tudo, me mostrou que eu não podia mudar o que aconteceu, mas agora já tinha acontecido, se tratava de destino, e de alguma forma teria acontecido. Ela sempre foi uma mãe para mim. Hoje sou sua assistente principal e vou protegê-la para sempre... vou proteger a minha rainha.

   Após alguns segundos pensando, Meowth enxuga o rosto, e então percebe que a chuva havia parado. As estrelas estavam visíveis, o que marcava uma linda noite.

 — Até mais, Lurantis. Meow! — Meowth corre para longe, deixando Lurantis confusa, mas agora ela fazia uma oração para sua mãe.

Continua  

4 comentários:

  1. Sabe aquele momento em que você se arrepia, aquele momento pré-choro, o momento em que você sabe que vai chorar daqui a pouco... Sim, esse mesmo! Eu estive nesse momento a metade do capítulo inteirinho desde o começo do "Flashback" quando ele começou eu tinha certeza que iria acabar em morte e em excesso de tristeza.
    Já pensou o Meowth ser o verdadeiro escolhido? Eu me mataria por ter passado a fanfic inteira desconfiando de outros... Lurantis que deveria morrer no lugar da mãe dela, além de feia é assassina >:(

    Continua logo pfv

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  2. Capítulo bem triste, agora sabemos um pouco sobre o passado de Meowth e o seu encontro com o dragão lendário. Gostei de ter usado o dragão para essa história, ficou perfeito, o capítulo em si foi muito emotivo, você conseguiu transmitir muito bem as sensações daquele dia que causou tantas perdas =(
    A história de Meowth e do cajado ainda vai dar que falar.

    Continua \o

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  3. esse gato é preto credo

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  4. Capítulo super emocionante e revelador, descobrimos a história do Meowth com o tal dragão negro (que acredito ser o Zekrom), de seu cajado e da perda de seus amigos. Aparentemente ainda teremos muitas surpresas com esse gatinho que, há pouco tempo, era apenas um personagem secundário. A história da Lurantis também é bem triste. Ansioso p/ mais!

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