Capitulo 26

*Leia ouvindo isso até a abertura começar*

   Alguns dias após o ocorrido na Flame Area, Mike agora despertava em uma cama. Estava em uma sala parecida com a de um hospital do mundo humano, exceto pelo fato de que estava deitado em cima de um monte de palha. Ao observar o seu redor e perceber flores desenhadas nas paredes, deduz que está no castelo de Queen Serperior, na Arbor Area. Nos montes de palha ao seu lado, ele podia ver Dewott, sentado e encarando as mãos, Snivy, com os braços cruzados, e Escavalier, que dormia profundamente.

 — O que aconteceu...? — Mike se senta, esfregando os olhos. Então, uma voz feminina o faz acordar de vez, apenas com uma única frase.

 — Você apagou por dias. — diz Bianca, que agora se livrara de Colress e finalmente estava junto de seu amigo, o qual procurou por quase dois meses. Mike se assusta ao vê-la, e então todas as memórias do fim da Flame Cup invadem sua mente. Ele se lembra de seus amigos da Serene Village corrompidos, das Três Deusas, de Meowth... Meowth se entregara aos inimigos para o dar uma chance de escapar, mesmo tendo gritado com ele e o feito chorar.

 — Então não foi um sonho...

 — A Flame Area agora está sob controle de Gothitelle, que lidera os que querem quebrar a profecia. — Bianca fala, com a voz triste. — Mas, Emboar veio até aqui para conversar com você e está o esperando.

   Nesse momento, Meloetta e Darumaka adentram a sala, e logo se alegram ao ver Mike acordado.

 — Voltamos até a Flame Area sem que ninguém percebesse, mas não encontramos nenhuma pista do que possa ter acontecido com Meowth. — Darumaka fala, abaixando a cabeça.

 — Mas...! Consertamos o violão dele! — Meloetta ergue o violão, que parecia anos mais novo. — Achamos os pedaços dele no chão e levamos para Gurdurr consertar. Queen Serperior pagou tudo, então aproveitamos para tomar...

 — Caham! — Darumaka murmura algo, e então Meloetta percebe que estava falando demais.

 — Quer dizer... Não nos aproveitamos do dinheiro da Queen Serperior e gastamos 1000 Pokecoins em comida...

 — Sério? Eu teria feito uma festa! — Snivy fala, agora sorrindo.

 — Bem, preciso ver Emboar. — Mike se levanta, percebendo que suas pernas estavam dormentes. Não se levantava há dias. Snivy e Dewott também se levantam e correm para o seu lado.

 — Iremos com você, jovem mestre. — Dewott fala, fazendo uma referência.

 — Não é necessário...

 — Nós somos um time. — Snivy fala, e então usa seus cipós para abrir a mochila de Mike e pegar uma Pokeball.

 — Você quer ser capturada, Princesa? — Escavalier pergunta, se levantando.

 — Sim. Mike é meu treinador a partir de agora, e não aceito não como resposta.

 — Ótimo! — ele encosta a Pokeball na cabeça de Snivy, que é sugada para dentro da esfera. Esta gira algumas vezes e então emite um brilho, indicando a captura. Após isso, ele a libera.

 — Bem... Eu também o aceito como meu treinador. Você me impressionou na Flame Cup. — Darumaka fala, sorrindo.

 — Então agora são três! — Dewott mostra três dedos, alegre.

 — É... — ele coloca sua mochila nas costas e observa o cajado. Após pensar um pouco, o pega também. — Seja lá o que for acontecer, acho que devo ficar com isso.

Pokemon Unova - The Mythical World. Capitulo 26: Eu sou o problema.

   Então, Mike, acompanhado por Dewott, Snivy, Darumaka, Meloetta, Escavalier e Bianca, caminha até uma sala, onde Queen Serperior estava sentada num grande trono verde no centro. Em duas outras grandes cadeiras, Emboar e Samurott, os representantes da Flame e da Beach Area, estavam sentados, parecendo aflitos.

 — Oh!, chegaram bem à tempo! — Queen Serperior exclama, e todos se viram na direção de Mike e seus amigos. — Estávamos decidindo o que iremos fazer para parar o grupo das Três Deusas.

  — Precisamos unir os três exércitos e atacar a Flame Area! — Samurott bate na mesa em sua frente. Seu nome era conhecido pelas três áreas por ser impaciente, forte e precipitado. Carregava quatro espadas de conchas, as quais tinha orgulho. Seu grande chifre lembra também uma espada, e é seu grande tamanho que intimida todos os que se aproximarem.

 — Não podemos, é perigoso. Lá ainda existem moradores inocentes, não poderíamos machucá-los. Embora eu tenha conseguido fazer meu filho, Pignite, ficar em segurança. — Emboar se vira para trás, onde Pignite estava posicionado ao lado de Lurantis, Emolga e um Sneasel.

 — Ter Gothitelle de inimiga é algo bem difícil... Ela era muito poderosa e famosa antigamente no reino. Ninguém nunca a viu usar todo o seu poder.

 — Devemos procurar outro jeito de combatê-la. — após a fala de Emboar, Samurott bufa.

 — Isso não estaria acontecendo se eu não estivesse aqui. Meowth desapareceu, Timburr está confuso ao lado de Conkeldurr, Bianca me seguiu até aqui... — Mike se senta numa cadeira de madeira, triste.

 — É, de fato você é a causa disso tudo, mas o que pode fazer? Já está aqui e já arruinou tudo. — Samurott exclama, o que faz Mike se encolher na cadeira.

 — Você está certo.

 — Não seja tão duro com ele, Samurott! — Emboar bate na mesa, se levantando. — Mike não escolheu vir para cá, ele foi obrigado!

 — Ele tem se esforçado bastante, é verdade... — Queen Serperior diz, sorrindo para Mike.

 — Ele dá o melhor de si para nos proteger, mesmo não tendo nada conosco. Ele não tem obrigação de fazer isso... Mas mesmo assim faz! — Meloetta flutua até o ombro de Mike, abraçando seu pescoço.

 — Apenas disse a verdade. — Samurott resmunga, virando o rosto. Até que seus olhares encontram os de Dewott, o que o espanta. — Você...

 — Perdoem a minha intromissão, Queen Serperior, Mr. Emboar e Sr. Samurott... — Sneasel se aproxima da mesa, o que interrompe a fala de Samurott. — Há um jeito de parar tudo ainda.

 — O que está dizendo, Sneasel?

 — Está na realidade de Mike, a realidade dos humanos.

 — Ah!, sei do que está falando! Mas não é só um mito? Nunca comprovaram nada. — Escavalier fala, se aproximando também da mesa.

 — Talvez não seja, pense só! Tem grandes chances de ser real.

 — Expliquem logo ou vou atacá-los com meus cipós!

 — Princesa... — Queen Serperior encara a filha, que cruza os braços e diz apenas "Tanto faz".

 — Bem, quando eu morava na Force Village, antes de Samurott me acolher, Bisharp me contou sobre o Disco de Luz. Ele é responsável por todas as realidades e faz com que elas existem. São cinco pedaços, cada um correspondendo a cada uma das cinco realidades existentes. Se você tiver um pedaço em mãos, pode fazer o que quiser com a realidade que está gravada nele.

 — Se conseguirmos o pedaço da realidade dos Pokemon... — Dewott começa a pensar.

 — Poderíamos controlar tudo e impedir que exista algum perigo que ameace a nossa realidade! Assim, Mike não precisaria nos salvar. — Lurantis completa, e todos olham em sua direção. — Desculpem, sempre quis completar uma fala...

 — E você sabe como encontramos esse Disco de Luz? — Serperior pergunta, agora mais interessada.

 — Não é tão difícil. Na realidade dos humanos, um humano deve fazer uma oferenda de valor para a Deusa das realidades.

 — Como assim uma oferenda? — Meloetta pergunta, comendo alguns Pokeblocos.

 — Onde conseguiu Pokeblocos? Eles só são vendidos na estrada para a Flame Area, por um Carbink... — Queen Serperior começa a desconfiar de algo, encarando fixamente Meloetta.

 — Eu... achei no chão! Eu não gastei mais dos Pokecoins que você me deu para consertar o violão do Meowth e nem doei nada para um Eevee desabrigado...

 — Santo Arceus, você não sabe mentir... — Darumaka bate em seu próprio rosto, decepcionado.

 — Huh, sério que não gastou mais nada? Que burra, eu teria feito uma festa! — Queen Serperior sorri, enquanto Meloetta limpava uma gota de suor.

 — Voltando ao assunto da oferenda... — Samurott bate na mesa com sua concha e todos voltam a prestar atenção.

 — Ah!, sim, a oferenda. Deve ser algo de valor e que a Deusa ainda não tenha. Ela é uma colecionadora faz milênios e não vai emprestar um pedaço do disco por qualquer coisinha.

 — Daremos um jeito!

 — Majestade, creio que você tenha algo que posso interessar a Deusa. — Lurantis caminha até Serperior e retira sua coroa verde, onde um fragmento estava preso no meio. — Esse é um fragmento de Moon Stone, uma das últimas existentes.

 — Não podemos levar isso! Pertence à coroa da Queen Serperior. — Mike fala, e então Darumaka solta o fragmento.

 — Mas é claro...

 — Ora, não sejam assim, é só um fragmento! Se isso pode nos salvar, não tem porque ficar comigo. — após Serperior dizer isso, Lurantis entrega o fragmento para Mike.

 — Pignite, busque a tocha eterna!

 — Pode deixar, irei providenciar, Mr. Emboar. — Pignite sai da sala, correndo pelo castelo.

 — A chama nunca se apaga e está acesa faz muito tempo. Uma vez tentaram jogar água, mas magicamente não se apagou! A trouxe para cá quando vim com Pignite depois do que aconteceu lá. — Emboar explica, sorrindo. Então, Pignite volta para a sala, com uma tocha protegida por uma capsula de vidro. — Leve-a, herói.

 — Bom, eu não tenho nada para dar, apenas desejo boa sorte. — Samurott resmunga, até que Emboar, Serperior e Sneasel o encaram. — Hunf, vocês são chatos. Tome, uma das minhas quatro espadas de conchas lindas. Apenas Samurott tem essas espadas de conchas e nenhum a trocaria por nada. Melhor que você salve essa realidade mesmo, humano.

 — Fico grato por confiar em mim, Sr. Samurott. Vou dar o meu melhor. — Mike fala, agora com a concha pesada, a tocha eterna e o fragmento de Moon Stone em mãos. Mal conseguia ficar de pé.

 — Apenas um último presente, Mike. — Lurantis entrega uma mochila nova para Mike, que guarda as oferendas. — É uma mochila mágica novinha. Pode colocar quantas coisas quiser aqui!

 — Eu... — Mike abaixa a cabeça e se ajoelha, agarrando a mochila. — Vocês não deveriam confiar em mim. A Serene Village e Emboar confiaram em mim e eu falhei nos dois locais. Provavelmente a anciã estava certa, vou acabar destruindo essa realidade, mesmo querendo salvá-la.

 — Quem é anciã? — Samurott sussurra no ouvido de Emboar, que acerta um soco em seu rosto.

  — Olha, Mike... Não sei muito sobre o que está acontecendo, mas todos estão confiando em você. — Bianca se senta ao lado de Mike, que enxugava o rosto com a blusa.

 — Eu sei, mas sempre pensei que tudo seria tão fácil para mim por ser o escolhido. Decepcionei todos, e isso é uma droga. — Mike diz, e então Bianca se irrita. Ela se levanta e aumenta seu tom de voz, quase gritando.

 — Bem, o melhor momento para arrumar os erros é o presente. Jamais será o herói que sei que você pode ser se ficar aí olhando para o chão, Mike! O passado já foi e o futuro pode nunca chegar, o presente é o melhor momento. — de repente, todos começam a observar Bianca, extremamente assustados. Mike continuava de cabeça baixa.

 — E-ela é um... — Samurott se levanta e enxuga os olhos para ver melhor.

 — Você acha mesmo que eu sou herói?

 — Olha, você quer mesmo saber o que eu acho de você, Mike? — Bianca acerta um tapa no rosto de Mike, deixando uma marca em sua bochecha. — Eu passei a minha vida inteira sozinha, você foi o único amigo que tive! Na escola, parecia que só você me notava, era como se eu fosse invisível. E quando me notavam, era só algum cara querendo fazer piada ou tentando me beijar... Eu o segui até aqui, suportei Colress e seu vício em canhões e cheguei até aqui porque sinto que você é especial! Eu não tinha certeza até uns dias, mas meu novo amiguinho me contou que posso ver a aura dos seres vivos, tanto Pokemon como humanos. E a sua é muito diferente.

 — Hunf... 

 — Por favor... Você precisa se levantar, iremos ao mundo humano, conseguiremos um pedaço do Disco de Luz e então você salvará todos! — Bianca estende uma mão para Mike e o ajuda a se levantar. Ele observa todos os Pokemon na sala, todos contando com ele.

 — Obrigado, Bianca. Eu farei tudo isso.

 — Ótimo! E eu irei com você, para te ajudar caso precise.

 — Nós também iremos!

 — Vamos todos juntos de novo então... — Mike enxuga mais uma vez seu rosto e corre para abraçar seus amigos Pokemon.

 — Jovem mestre, você vai me matar. — Dewott fala, sendo espremido contra Darumaka, Meloetta, Snivy e Mike.

 — Shhh... Só mais um pouco...

 — Dessa vez ficarei para proteger a Arbor Area caso algo aconteça. Princesa Snivy não precisa de um guarda costas, ela sabe se virar sozinha. — Escavalier sorri para Snivy, que murmura um "Obrigada" bem baixinho. — Queen Serperior, você vai adorar saber como sua filha arrasou na luta de duplas da Flame Cup!

 — Ela lutou?! Digo, sério? Me conte cada detalhe.

 — Ah!, ela foi incrível mesmo! — Emboar sorri para Queen Serperior, que observa Snivy sair da sala discretamente.

 — Não precisa sair assim, Princesa. Já entendi que você gosta de combates e essas coisas.

 — Não estou saindo porque pensava que ia brigar comigo. Meloetta vai me dar alguns Pokeblocos que achou.

 — Ora, ora! Iam comer Pokeblocos sem me chamar? — Darumaka cruza os braços, irritado. Seu corpo liberava algumas brasas que começavam a queimar o tapete da sala.

 — Bem, vocês partirão amanhã. Estamos ficando sem tempo... — Queen Serperior olha para o céu, onde uma fenda negra crescia aos poucos.

Continua

P.S.: Sorry ter sido curto, mas era só isso que queria colocar no capitulo mesmo. Obrigado por ler!